QUADRISÔNICO

Cultura e vida pop a toda velocidade

Rec-Beat 2012: O que vi

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Talvez com a escalação mais indie dos últimos anos em um indie já naturalmente indie, o Rec-Beat deste ano montou sua arilharia a partir de um veterano da música eletrônica, uma revelação do indie europeu e dois novos clássicos do pop nacional. Só pude ver boa parte dos dois primeiros dias – 18 e 19 de fevereiro, também conhecidos como sábado e domingo de Carnaval. Ainda teitei a atração final da segunda-feira, a neo-felakutiana Bixiga 70, mas o cansaço momesco me fez desistir de encarar a espera, que incluía um show de Lirinha solo no meio (não dá). E como viajei de volta a São Paulo na terça à noite, também perdi o provavelmente ótimo show de Criolo, que encerrou o festival.

No sábado, fui apresentado ao show solo de Tibério Azul, recém ex-Mula Manca, que lançou o primeiro disco ano passado. As canções são essencialmente country-pop com letras lúdicas e ele ainda puxou uma de Mutantes (“Não Vá Se Perder Por Aí”) e outra de Raul Seixas (“Eu Também Vou Reclamar”). Falta algum tempero no som do cara. Tempero que veio de sobra na seguinte, a paraense Gang do Eletro, que foi uma jam de tecnobrega acelerado de quase uma hora, meio como um “Asian Dub Foundation meets Gaby Amarantos”. Animadíssimo, mas teve como ponto fraco a falta de cadência na condução do show, ficando rapidamente repetitivo. Já Siba conseguiu unir os dois mundos e fez o melhor show da noite. Deixou os arranjos das músicas do disco “Avante” mais pesadas, vestiu-se de mulher e remeteu ao seu ex-projeto, o Fuloresta do Samba, com dois convidados de Nazaré de Mata e um maracatu improvisado no final, causando total empatia. No fim, veio El Guincho e seu pop eletrônico suingado, com ecos de Hot Chip e Animal Collective. O grupo espanhol comandado por Pablo Díaz-Reixa passou por problemas no som, mas o pior mesmo foram os arranjos muito semelhantes das músicas. Tem bastante potencial (o hit “Bombay” é ótimo), mas ficaram devendo uma apresentação à altura das expectativas.

A banda de jazz experimental Embuás começou o domingo sem fazer muita concessão ao evento Carnaval e tocou jams pesadas à la “Bitches Brew” de Miles Davis. Até gostei um pouco, mas certamente era uma banda em local e hora errados. Já o produtor de funk carioca Sany Pitbull foi o animador de festa da noite, com muito remix de funks e outros clássicos do pop e rock de diversas décadas, meio como um Fatboy Slim da Rocinha. Ainda contou com uma participação de Zé Brown, do Faces do Subúrbio, que emendou um rap em cima de uma base de Luiz Gonzaga (“Retrato de um Forró”), em (mais uma) homenagem ao Velho Lua, que faria 100 anos em 2012. Showzaço. Depois ficou até difícil para Simeon Coxe III, vulgo Silver Apples. Achei que o velhinho seria vaiado em menos de cinco minutos, mas o meu Recife não deixa de me surpreender. Muita gente ficou lá vendo os loops atonais caladinho, aplaudiu e até pediu bis ao cara, que atendeu! Histórico foi, certamente. Veio depois o camarada Tony Tornado, com uma banda competente capitaneada não mais por ele, que está velho (ele mesmo admitiu), mas por seu filho Lincoln e a cantora Nanny Soul. Mesclou suas canções com clássicos dos bailões (sim, teve Tim Maia e Jorge Ben). Não fiquei até o final; foi divertido porém previsível. O Carnaval me agurdava na segunda-feira.

Fotos (mal tiradas): Silver Apples, El Guincho e Gang do Eletro

Written by Márcio Padrão

24 fevereiro 2012 às 19:30

Uma resposta

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  1. […] ATUALIZAÇÃO: Enfim… cheguei em Olinda no sábado, historicamente o “dia mais tranquilo” por causa da concorrência com o Galo da Madrugada. Após curtir o bloco Fique na Sombra, presidido e frequentado por amigos, reencontrei vários outros no Tá Bom a Gente Freva, que vem ganhando fama com suas covers “frevificadas” de clássicos do rock. O repertório foi quase o mesmo do ano passado – “Eleanor Rigby”, “Day Tripper”, “Beat It”, “Iron Man”, “Still Loving You”… só percebi “Sultans of Swing” como novidade – mas foi ótimo. Já no domingo, tentei o I Love Cafusú e não rolou, então pulei para o Bairro do Recife e vi de relance o Quanta Ladeira, que uma galera adora mas nem acho lá muita graça. E à noite, o Rec-Beat, do qual falei com mais detalhes neste post. […]


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