QUADRISÔNICO

Cultura e vida pop a toda velocidade

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Retrospectiva 2011 – música

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Que ano esquisito foi 2011 para a música. Foi o fim para alguns medalhões preferidos deste blog, como White Stripes, R.E.M. e Sonic Youth (talvez); foi o fim para algumas instituições indie como o LCD Soundsystem e Broken Social Scene; foi o ressurgimento do Black Sabbath (e de lá para um asilo, talvez); foi o ano em que outros medalhões decepcionaram em maior ou menor grau (Radiohead, Strokes); e foi o ano em que PJ Harvey e Wilco, pelos quais nunca morri de amores, lançaram dois dos melhores discos da temporada.

A pulverização dos meios de produção e distribuição da atual música pop fez com que 2011 não repetisse o fenômeno de 1991 e 2001 de encontrar a(s) banda(s) “salvadora(s)” do rock, capaz de unir crítica e público em uma só torcida. Aliás, o tal do rock continua cada vez menos mainstream e para um “público maduro”. Prova disso é que um dos discos mais celebrados de “hard rock” deste ano seja de uma banda com 15 anos de estrada cujo líder é o baterista da banda mais celebrada de 1991. E que deverá provocar alguma histeria quando capitanear o primeiro Lollapalooza brasileiro em 2012. Fãs do Foo Fighters, o poder é de vocês.

Mesmo com o rock no canto do ringue ensanguentado, o pop descarado também não está muito diferente. Katy Perry e Lady Gaga estiveram por aí; a primeira com o disco de 2010 ainda e a outra imitando Madonna com “Born This Way”, mas a música continua importando pouco para elas. Britney e Beyoncé, que normalmente salvam, só lançaram um bom hit cada uma (“Till the World Ends” e “Who Run the World (Girls)”). E Rihanna… o que ela lançou de bom desde sempre?

Restaram a duas azaronas roubarem a cena. Adele correu por fora com sua voz poderosa, seu belo rosto acompanhado de físico rechonchudinho e um hit para cantar alto em qualquer ocasião – “Rolling in the Deep”, evidentemente. E a imprensa hype tenta emplacar a todo custo a misteriosa e beiçuda moça chamada Lana del Rey, que nem um repertório decente tem ainda.

Outro ponto alto de 2011 ficou por conta da boa fase do pop brasileiro. Marcelo Camelo lançou um disco sensacional, Criolo e Emicida sentaram no trono do rap e uma turma enorme lançou coisa boa ou que valha a pena ouvir: Bonifrate, Mopho, Karina Buhr, A Banda Mais Bonita da Cidade, Bixiga 70 e muitos outros estão aí prontos para o mundo. Em contrapartida, quase no apagar das luzes de 2011, o coletivo Fora do Eixo meteu os pés pelas mãos ao tentar responder aos festivais que deixaram a Abrafin e destilou algumas bobagens sobre Pernambuco. Isso ainda deverá render nos primeiros meses de 2012.

No mais, Metallica e Lou Reed lancaram juntos “Lulu”, um dos piores discos dos últimos tempos; Primal Scream fez o show do ano no Brasil com a turnê comemorativa do “Screamadelica”; cada vez baixamos menos mp3 e ouvimos mais na nuvem; os preços de ingressos no Brasil viraram calamidade pública e atingiram até a turnê de 80 anos de João Gilberto…

…e 2011 ficará marcado como o ano pop mais retrô já visto até aqui, pois ficamos (sim, faço aqui o mea culpa) mais interessados nos 20 anos de 1991 do que em olhar para o futuro.

Os 10 melhores discos de 2011

* PJ Harvey – “Let England Shake”
* Cut Copy – “Zoonoscope”
* Marcelo Camelo – “Toque Dela”
* Thurston Moore – “Demolished Thoughts”
* Wilco – “The Whole Love”
* Miles Kane – “The Colour of the Trap”
* Criolo – “Nó na Orelha”
* The Rapture – “In the Grace of Your Love”
* Tom Vek – “Leisure Seizure”
* Girls – “Father, Son, Holy Ghost”

Show do Broken Social Scene no Rio foi o último da banda?

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É o que Kevin Drew está dizendo; muito tempo de banda, todo mundo cansado, não tem mais planos para continuarem. Nem tava sabendo disso.  Vi no Urbe e no Stereogum.

Written by Márcio Padrão

10 novembro 2011 at 14:00

Planeta Terra 2011 (visto pelo streaming): disseram que o Strokes estava na pior, mas se isso é estar na pior…

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Bom, neste ano não deu para eu ir. Então no conforto do lar, abri o streaming do Planeta Terra 2011 por volta de umas 18h. Pedri Criolo (dizem que foi legal) e peguei a Nação Zumbi tocando para uma plateia apática e ainda sob o sol forte do horário de verão. Mas a banda também não ajuda, pois por melhores que sejam as músicas, a postura passiva de Jorge du Peixe segue como um problema da Nação ao vivo.

Momento seguinte: White Lies x Garotas Suecas. O primeiro era um sub-Interpol, com mais frescor e boas composições (embora muito parecidas umas com as outras), porém inexperiente no palco. O Garotas é o inverso: músicas que passam um pouco longe da inovação, mas com folga no quesito “malemolência” e o grupo sabendo jogar contra as adversidades. Levar Jacaré para dançar “Banho de Bucha” foi covardia, portanto é bom eles tomarem cuidado para não ficarem marcados como “a banda indie que fez clipe com Jacaré”. Vitória dos brasileiros.

Depois Broken Social Scene x Toro Y Moi. Empate técnico aqui, pois a primeira é uma ótima banda… de estúdio. Ao vivo soou deslocadíssima e sem empatia. Mesma coisa do rapaz Chazwick Bundick, que levou banda para acompanhar seus tecladinhos oitentistas. Só conseguiu provar que o tal do chillwave ainda precisa comer muito açaí para engrenar ao vivo e talvez funcionasse melhor em uma casa menor. Na comparação com Toro Y Moi, a BSS sai perdendo pois deveria ter jogado melhor com a maturidade de seus mutos músicos.

Interpol x Gang Gang Dance foi o momento mais desnecessário da noite. Ok, o Interpol valia só para ouvir os (poucos) hits, e a frieza do grupo faz parte, então nem dá para dizer que foi ponto negativo. Mas a banda está devendo um bom disco para ancorar o show. O Gang Gang é bizarro demais para a minha cabeça, com seus vocais tetêespindolísticos e arranjos zoados. Irrelevante.

Beady Eye x Goldfrapp. Não vou comentar muito porque nem de Oasis eu gostava e eu sequer conheço algo da segunda banda (só para constar, muitos reclamaram do playback da cantora). Mas francamente não entendo como a ausência de Noel Gallagher faria tanta diferença ali, conforme defendiam alguns fãs no Twitter.



Aí vi uns minutos de Bombay Bicycle Club, banda nova com potencial mas que foi prejudicada por um mal clássico do Terra: rivalizar com uma veterana. Bom, o Strokes. Todos nós falamos há meses que a banda fez um disco ruim, que são repetitvos, que não empolgam ao vivo… mas a julgar pelo que vi no streaming e pelos comentários gerais, tudo fluiu melhor que o esperado. Eles surpreenderam iniciando de cara com a mais acelerada deles – “NYC Cops” – e veio um setlist lotado de hits muito bem executados, com pouco espaço para mimimis da oposição. Até as do disco novo funcionaram bem.

Saldo geral: ficou fácil pro Strokes ser o destaque. Afinal, foi o pior Planeta Terra já feito. E também vai ficar fácil para o SWU, que entre suas atrações terá um Sonic Youth à beira do fim. E 2011 vai acabando…

Written by Márcio Padrão

7 novembro 2011 at 10:00

SWU, Coquetel Molotov e Planeta Terra 2011: novas atrações confirmadas

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Primeiro o Coquetel Molotov, que vai rolar no Recife nos dias 14 e 15 de outubro no Centro de Convenções da UFPE. Em Salvador, os shows acontecem na Concha Acústica do Teatro Castro Alves nos dias 11 e 12 de outubro.

Antes das bandas, a notícia mais impactante da história do festival: NÃO HAVERÁ BANDAS SUECAS! 2012 vem aí!



Brincadeiras à parte, o intercâmbio sueco do Coquetel teve seus méritos: o coletivo apostou em bons músicos que ainda eram pouco conhecidos no Brasil e hoje são destaques no indie mundial, como Peter Bjorn & John, Shout Out Louds, Miike Snow, Love Is All e Hell On Wheels. Ao mesmo tempo, rendeu também alguns micos, como Suburban Kids With Biblical Names, Hello Saferide e Anna von Hausswolff. Mas já estava mesmo na hora de sair dessa dependência com a Suécia, que estava limitando as possibilidades de pluralidade do festival.

Voltando a 2011, os primeiros confirmados são a banda britânica Guillemots



Tem a banda americana experimental Health



E o cantor paulistano Rômulo Fróes, que lançou disco novo este ano, “Um Labirinto em Cada Pé”, que pode ser baixado de graça aqui.



O SWU continua investindo em atrações de público amplo, que saem um pouco do espectro indie. E ainda entrou no revival anos 90 com Faith No More



Primus (sério?)…



Down, a.k.a. nova banda de southern metal de Phil Anselmo, cantor do Pantera…



A nu metal (pohan…) 311



E uma tal de Michael Franti & Spearhead, que nunca ouvi falar.



Segura que tem mais: vai ter esse cantor e instrumentista japonês Miyavi. O som pelo visto é WTF, parece o baixista do Primus tocando violão.



Acho que não cheguei a mencionar aqui, mas vai ter boa música no SWU também: você sabe que o Sonic Youth foi confirmado faz uns dias, né?



Todas as atrações do SWU estão listadas no site oficial deles.

Agora o Terra. Confirmaram Broken Social Scene… (boa, será que Feist vem junto?)



Interpol… (dizem que tá na pior…)



White Lies… (ouvi pouco, mas gostei um pouco do pouco que ouvi)



Goldfrapp… (ver item anterior)



The Name… (não conhecia, mas a música abaixo é boa)



Criolo… (aê!)



E Garotas Suecas (hmm…).



Clique no nome dos artistas para ir aos respectivos MySpaces ou sites oficiais.

Boa parte das infos deste post eu peguei no blog de Marcelo “Scream & Yell” Costa.

Coachella 2011: opiniões sobre o line-up

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Divulgação

Bom, saiu o line-up 2011 do Coachella, provável maior festival de música pop do mundo, com o seu habitual enxame de bandas de diversos graus de importância e hype espalhados por três dias – no caso, 15, 16 e 17 de abril, na Califórnia.

Emicida, Cansei de Ser Sexy, The Twelves e DJ Marky vão representar o Brasil. E como lembrou o iG, o CSS tá preparando disco novo para este ano.

O que eu achei do line-up? Em tópicos:

* Grupo 1: obrigatórios

– !!! (conjunto da obra + boa fase. Promete ser um dos melhores shows)
– Chromeo (boa fase, deve ser muito good vibe ao vivo)
– Strokes (pelo conjunto da obra, e podem tocar coisa nova)
– Arcade Fire (estão em boa fase com o último disco)
– Cee-lo Green (boa fase)
– Animal Collective (o último disco foi bem bom)
– Duran Duran (conjunto da obra)
– Cansei de Ser Sexy (não acho espetacular, mas acho divertido e nunca vi ao vivo)
– Broken Social Scene (conheço pouco, acho razoável pra bom, mas ao vivo pode ser diferente)
– Interpol (nunca vi ao vivo, só iria pelas músicas do “Turn on the Bright Lights” mesmo)
– National (boa fase)

* Grupo 2: curiosidades e vontades pessoais, revelações e hypes a conhecer melhor

– Cut Copy
– Sleigh Bells
– Radio Dept.
– Scissor Sisters
– Ariel Pink’s Haunted Graffiti
– Black Keys
– Tame Impala
– Kills (que já vi no Coquetel Molotov 2005, mas reveria numa boa)
– Gogol Bordello
– Emicida (que vi no Coquetel 2010, mas ficou devendo um show mais encorpado)
– Marina and the Diamonds
– Two Door Cinema Club
– Lightning Bolt

* Grupo 3: “na falta de algo melhor…”

– PJ Harvey (acho legalzinha, mas superestimada. E já vi no Tim Festival 2004)
– Kanye West (só pela canastrice, pode ser engraçado. Apesar de que eu gosto dessa música)
– Suede (não acompanhei a carreira e só conheço o primeiro disco)
– Chemical Brothers (nunca morri de amores por eles, nem quando eram hypados)

* Grupo 4: CORRÃO!

– Brandon Flowers
– Lauryn Hill (preguiça dela)
– Kings of Leon
– Klaxons (hype fail de 200o e alguma coisa, pff)

E é isso. Apenas os grupos 1 ou 2 já dariam um festival de responsa de um ou dois dias. Juntos então… mas daí esbarramos num dos clássicos problemas do Coachella: a impossibilidade de se ver tudo que se quer, seja por choque de horários ou por falta de vigor físico mesmo. C’est la vie.

Algum patrocinador se habilita a levar este blog para lá?

Discos de 2010: “Calavera” (Guizado) e “Forgiveness Rock Report” (Broken Social Scene)

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* Calavera (Guizado)

O segundo disco do trompetista Guilherme Guizado Mendonça traz uma sonoridade rock-jazz-eletrônica muito próxima à do seu parceiro musical, M. Takara, que até faz participação na bateria eletrônica em uma das faixas, “Emanação dos Sonhos”. Guizado passa no teste a que se propôs, ao pôr sua voz em algumas canções como um instrumento a mais na massa sonora recheada de climas ao longo do disco. Disco este que no entanto começa meio morno, com “Amplidão”, e vai envolvendo mais pela terceira faixa, “Girando”, com alguns versos cantados de forma meio espacial por Karina Buhr. Outros destaques são “Mais Além”; “Skatephaser”, uma das pop do disco, com outra presença ilustre, de Céu; e a última, “Wow”, com uma bateria acelerada e um trompete melancólico, parecendo um cruzamento de Chet Baker com Prodigy. Um disco interessante que deve ficar ainda melhor ao vivo.


* Forgiveness Rock Report (Broken Social Scene)

A superbanda indie canadense volta com um disco bem cuidado em todos os sentidos. Arranjos, produção, harmonia, tá tudo bem no lugar. Mas talvez essa exatamente este o problema. Depois de ouvir, reouvir, nenhuma música “ficou” comigo, deixou qualquer marca que seja. Parece uma coletânea de canções para anúncios publicitários. Começa muito bem com “World Sick” e “Chase Scene”, e depois vai desacelerando com altos e baixos – gosto da voz agradável da vocalista em “All In All”. Mas falo isso do ponto de vista de um “não-fã”. Acho que quem curte a banda vai achar excepcional. Para mim é um disco acima da média, mas pouco memorável.

Written by Márcio Padrão

27 agosto 2010 at 9:00

Publicado em Música

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Rajada Sônica #1

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Novidade no Quadrisônico: é a Rajada Sônica, uma playlist via YouTube com 10 canções representativas do que há de mais interessante na música pop de todas as épocas – embora pendendo para coisas mais recentes. A ideia inicial é ser mensal, mas com pretensões de ser quinzenal ou até semanal.

Infelizmente não consegui colocar a playlist embedada aqui no blog de jeito nenhum – o vídeo acima é só a primeira música. Então clica aqui para ouvi-la na íntegra.

Segue a lista das músicas dessa primeiríssima edição:

1 – Vampire Weekend – “White Sky”
2 – Cults – “Go Outside”
3 – Band of Horses – “Is There a Ghost”
4 – Sparklehorse – It’s a Wonderful Life”
5 – Free Energy – “Hope Child”
6 – Gorillaz – “Superfast Jellyfish”
7 – Broken Social Scene – “World Sick”
8 – Móveis Coloniais de Acaju – “O Tempo”
9 – The Bird and The Bee – “Again & Again”
10 – Franz Ferdinand – “No You Girls”

Gostaram? Falem o que acharam nos comentários. Sugestões são muito bem vindas.