QUADRISÔNICO

Cultura e vida pop a toda velocidade

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Retrospectiva 2010: Os melhores e piores do ano

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Ou “tudo e um pouco mais que eu falei antes nos posts anteriores da retrospectiva, mas em tópicos”.

Evento pop do ano: a Copa do Mundo na África do Sul
Homem do ano: Julian Assange, jogando no ventilador da diplomacia mundial com o Wikileaks
Notícia Tela Quente do ano: a “Operação Superbope” no Rio
Perdendo-fé-na-humanidade do ano: os ataques homofóbicos em São Paulo, a xenofobia antinordestinos no Twitter e o caso Sakineh Ashtiani no Irã
Novela do ano: os 33 mineiros chilenos saindo do buraco
Político do ano: Tiririca e Marina Silva
Instrumento musical do ano: vuvuzela
Gol do ano: o voleio de Forlán em Uruguai x Alemanha
Bordão-meme do ano: “Ah muleque!” e “Jabulaaaaaniiiii”
Bicho do ano: polvo Paul
Revoltas do ano: viral dos meninos putos com Felipe Melo, Tulla Luana (“Colheita Feliz”) e a mineira contra a venda de ingressos do show do U2/Muse
Pé-frio do ano: Mick Jagger
Show do ano (ou “show pelo qual você esperou a vida inteira”): Paul McCartney em São Paulo
Disco do ano: “Travellers in Space and Time”, Apples in Stereo
Música do ano: “Hey Elevator”, Apples in Stereo, e “Fuck You”, de Cee-Lo Green
Clipe do ano: “Let’ em Shine Below”, Holger
Banda revelação do ano: Tame Impala
Festival cool do ano: Planeta Terra
Festival FAIL do ano: SWU
Viral web “vou-derreter-de-tanto-rir” do ano: “Busquem conhecimento”, ET Bilu, “Galvão Birds”, “Trololo”, novo erro de Vanusa ao vivo, “Morre Diabo” e “Puta Falta de Sacanagem” do Restart
NSFW do ano: Aretuza
Autotune do ano: “Bed Intruder” e “Serra ♥ Dilma”
Filme do ano: “Tropa de Elite 2”, de José Padilha, e “A Rede Social”, de David Fincher
Blockbuster decepcionante do ano: “Alice no País das Maravilhas”, de Tim Burton
Artista experimental do ano: Laerte crossdresser
Orgulho teen do ano: o Restart encarando as vaias no VMB como críticas construtivas
Orgulho cafuçu do ano: a professora Alexandra Aleixo, de MG, demitida porque tira a atenção dos alunos tarados com suas roupas curtas
Orgulho nerd do ano: o nerd no baile funk carioca e a garotinha que dança ao ouvir a abertura de “Star Trek”
Maria da Penha do ano: Dado Dolabella e o goleiro Bruno
Nhom do ano: o “Pânico na TV” pagando os 14 meses de aluguel do Senhor Barriga e o bebê Bob Marley
Globo FAIL do ano: nova censura a beijo gay em “Clandestinos”
Personalidade da TV do ano: Charles Henriquepedia
Humoristas do ano: Tatá Werneck e Dani Calabresa
Perdeu-a-graça do ano: Marcelo Adnet
Celebridade do ano: Silvio Santos, hay que falir pero sin perder la falta de noção jamas
Programa de TV aberta do ano: “CQC” – mas com várias ressalvas
Série de TV nova do ano: “The Walking Dead”
Despedidas tristes do ano: apesar dos pesares, “24 Horas” e “Lost”
Site do ano: Omelete
Blog do ano: Melhores do Mundo e Trabalho Sujo
Tumblr do ano: Daily What
Discussão construtiva do ano: a carta aberta a músicos na Scream & Yell
Rede social do ano: Twitter, ainda
Game do ano: “Epic Mickey” (obs.: decisão tomada apenas pelo que vi e li por aí)
Gadget do ano: iPad
Super-herói do ano: Hit Girl
Momento HQ mainstream do ano: Grant Morrison abrindo a primeira franquia de super-heróis da história (Batman Inc.)
Não-aguento-mais-megassagas-de-HQ do ano: “Brightest Day”
Hype transmídia do ano: Scott Pilgrim
Luto do ano: Glauco, Leslie Nielsen, José Saramago e Harvey Pekar
Gostosa do ano: Katy Perry, Larissa Riquelme e Mary Elizabeth Winstead
Baranga do ano: Gorete do “Pânico”
Freak de reality show do ano: Janaina Jacobina de “A Fazenda 3”
Que-falta-faz do ano: John Lennon
Pré-2011 do ano: Rock In Rio 4

Editorial: por uma mídia menos ordinária

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Duas personalidades da cultura pop ganharam espaço recentemente na mídia por histórias de suas vidas privadas. Até aí, nada de mais. O jornalismo de celebridades é basicamente isso há uns, sei lá, setenta anos? No entanto, o que me chamou a atenção nestes casos envolvendo o quadrinista genial Laerte e a esperta cantora pop Lily Allen foram a abordagem positiva, quase positivista, da grande mídia.

Há alguns meses Laerte “deixou de ser” o criador dos Piratas do Tietê, dos Gatos e de Hugo para ser o maior expoente nacional da prática do crossdresser, ou como ele mesmo prefere abrasileirar, do travestismo – “o crossdresser é um travesti de classe média”, definiu ele muito bem, jogando com a carga negativa que o termo “travesti” ganhou, associado nos últimos anos a uma prostituição como saída para a sobrevivência.

Em 2007, Lily Allen havia engravidado do seu então namorado, Ed Simons, um dos Chemical Brothers. Perdeu o bebê em um aborto espontâneo quatro meses depois. Ela, obviamente, ficou triste com isso, mas a superação foi relativamente rápida. Agora em 2010, engravidou novamente, e tudo corria bem. Já com a barriga saliente de seis meses de gestação, revelava em entrevistas que estava realizando um sonho ao se tornar mãe. Mas novamente, perdeu o bebê. Depois do aborto, ela foi internada em um hospital de Londres com septicemia, um tipo de infecção sanguínea.

Não é novidade que a mídia gosta de narrar dramas particulares de pessoas públicas. Gosta simplesmente porque o público gosta também. Mas há uma lógica nesse sistema que mostra um pouco da perversidade velada que há em cada um de nós. Nós, público e mídia, criamos esses novos deuses chamados celebridades, pessoas ricas, famosas e intocáveis, para então destruí-los ao menor sinal de fraqueza, tal como uma ação ou hábito não aprovado por nossos valores. Se cansarmos de chutá-los, podemos até reendeusá-los novamente – na maioria dos casos, já depois de mortos.

Mas o que interpretei da cobertura da mídia sobre os casos de Laerte e Lily foi uma certa tolerância. Com o primeiro, percebo que o choque inicial com uma prática pouco difundida – a vida de crossdresser – logo se reverteu em uma oportunidade de usar o exemplo de uma pessoa pública e notoriamente talentosa como Laerte para esclarecer as pessoas sobre essa prática. Para isso, tiveram a contribuição do próprio quadrinista, que vem encarando tudo com incrível altivez e simpatia.

No caso de Lily, sabe-se que ela, até pouco tempo atrás, era um dos alvos favoritos dos jornais britânicos. Esse novo aborto poderia ser o gancho para surgir alguma notícia querendo ligar o caso com o conhecido estilo de vida baladeiro da moça. Mas pelo menos dois grandes jornais britânicos – o “Guardian” e o “The Sun” – têm coberto o drama de Lily com bastante seriedade. Como deveria ser sempre, aliás: afinal de contas, uma garota aparentemente saudável de 25 anos ter dois abortos espontâneos em três anos não é pouca coisa.

Pode ser reflexo dos novos tempos, nos quais personalidades desmentem notícias falsas simplesmente com uma conta no Twitter. Mas entendo que isso pode ser o começo de uma boa tendência: um jornalismo de celebridades mais responsável e menos circense. Pode ser ingenuidade minha – e deve ser mesmo – mas aguardemos o próximo grande problema pessoal de algum famoso para saber qualé.

Written by Márcio Padrão

15 novembro 2010 at 9:00

Laerte crossdresser

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Não é novidade que Laerte é bissexual. Mas essa de ser crossdresser é nova pra mim. Essa foto para a Bravo eu vi no BOL/Folha, mas até o Bleeding Cool noticiou, digaí.

Pelo visto o Blog da Muriel é mais autobiográfico do que eu imaginava…

Written by Márcio Padrão

6 setembro 2010 at 15:00

Glauco (1957 – 2010)

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Só por Glauco Villas Boas ter criado Geraldão, Geraldinho, Dona Marta, Doy Jorge, Casal Neuras, Ozetês e Zé do Apocalipse já seria o suficiente para se tornar um dos meus ídolos dos quadrinhos brasileiros. Mas além disso, foi redator de dois dos melhores programas da história da TV Globo, “TV Pirata” e “TV Colosso”. E foi parceiro de Laerte, Adão e Angeli no Los Tres Amigos. Por causa desse trabalho, o quarteto visitou o Recife no Festival Internacional de Humor e Quadrinhos em 2002, onde pude vê-lo e ouvi-lo de perto. Parecia ser um cara tão divertido quanto suas criações.

Foi assassinado em um assalto em casa que ainda vitimou seu filho Raoni, de 25 anos. Que triste fim para uma vida e carreira que ainda tinham tanto a oferecer.

Leia no site oficial de Glauco uma biografia caprichada sobre o cartunista. E essa incrível homenagem dos artistas e leitores do blog do Universo HQ.