QUADRISÔNICO

Cultura e vida pop a toda velocidade

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Madonna plagiou João Brasil e Lovefoxxx?

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É o que vi na Folha:

Lançado na semana passada, “Give Me All your Luvin'”, o mais novo single de Madonna, está sendo acusado de plágio em redes sociais.

A cantora teria copiado a introdução de “L.O.V.E. Banana”, do carioca João Brasil editada em 2011, com par­ti­ci­pa­ção da também brasileira Lovefoxxx, da banda CSS.

Mas olha…



… não achei nem um pouco parecidas, falando sério. Até mesmo nas partes do L.O.V.E., onde pode até ter rolado inspiração mas não cópia.

Written by Márcio Padrão

10 fevereiro 2012 at 10:00

Publicado em Música

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Madonna no Super Bowl 2012

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Total prévia da turnê que ela vai fazer neste ano. Tem menos playback que o esperado, as alegorias gays de sempre, está dançando menos – tomando consciência de seus 53 anos? – mas o carisma se mantém intacto. E de novo, M.I.A. e Nicki Minaj dando aquela força, além de Cee-Lo Green.

Written by Márcio Padrão

6 fevereiro 2012 at 8:00

Clipes novos: M.I.A. e Madonna + Nicki Minaj + M.I.A. de novo

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A sexta-feira foi produtiva para quem gosta de clipes pop rebolativos. Primeiro Madonna, que levantou da cadeira de balanço para o primeiro vídeo de seu próximo disco, “MDNA”. Replico aqui o comentário da “Spin” para “Give Me All Your Luvin”:

Madonna não é uma mulher que gosta de compartilhar seu holofote, assim o fato de que ela entregou a estética de seu novo vídeo para promover sua futura aparição no show do intervalo do Super Bowl no domingo e chamou M.I.A. e Nicki Minaj para aparecer na faixa não é pouca coisa.

Tenho oscilado quanto aos trabalhos recentes de Madonna: às vezes acho bem bons, mas a maioria me soa quadrada demais. Essa música nova é bem boa, apesar desse truque de chamar popstars mais novas também acho meio apelão. E o software de rejuvenescimento de rosto da cantora tá caprichado.



Falando em truques, M.I.A. também fez o seu: lançou seu clipe novo de “Bad Girls” no mesmo dia em que apareceu coadjuvando com sua mentora no outro clipe. De novo com direção de Romain Gravas, aquele do mamilos polêmico clipe de dois anos atrás, “Born Free”. Bem dirigido e ainda apostando na atmosfera terceiro-mundista-guerrilheira de M.I.A.

Written by Márcio Padrão

3 fevereiro 2012 at 20:40

Publicado em Música, Mulheres

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Links: Assange nos Simpsons, capa de Madonna, Tumblr do T-Rex, fim do MQN e mais

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Divulgação

* A capa do disco novo de Madonna, “MDNA” [iG]
* MQN anuncia ‘fim’ e show de despedida [A Redação]

Divulgação

* Julian “Wikileaks” Assange no 500º episódio dos “Simpsons” [EW]
* Black Keys promete show no Brasil no 2º semestre [Estadão]

Reprodução

* Tumblr do dia: T-Rex tentando fazer as coisas [YouPix / Tumblr T-Rex Trying]
* Morreu o desenhista brasileiro Al Rio. Currículo: Homem-Aranha, Novos Mutantes, X-Men, Gen 13 e outros [Bleeding Cool]

Written by Márcio Padrão

31 janeiro 2012 at 15:00

Globo de Ouro 2012: Ricky Gervais, Elton John, Tina Fey e os vencedores

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“Hoje, você tem o maior comediante britânico, que apresenta o segundo maior show de prêmios, na terceira maior rede da América … Eu só estou brincando. É a quarta.”

“O Globo de Ouro é como o Oscar mas sem o carisma. O Globo de Ouro está para o Oscar o que Kim Kardashian é para Kate Middleton. Um pouco mais alto, mais trash, mais bêbado, e mais facilmente comprado. Alegadamente. Nada foi provado”

“Quem precisa do Oscar? Não eu, e nem Eddie Murphy. Ele saiu por aí sem ele, e foi bom para ele. Mas quando o homem que disse sim a “Norbit” diz que não, você sabe que está em apuros”.

“Uma curiosidade: Eddie Murphy e Adam Sandler, entre eles, interpretaram todos os papéis em “The Help””

“Eu não estou aqui para difamar ninguém, e não devo mencionar Mel Gibson este ano – e nem sua vida privada, sua política, seus filmes recentes, e especialmente Jodie Foster em “Beaver”. Eu não vi o filme, e falei com um monte de caras aqui que também não viram. Mas isso não significa que seja bom”.

“Boardwalk Empire, eu amo essa série, é ótima. Trata-se de uma carga de imigrantes que veio para a América cerca de 100 anos atrás e se envolveram em suborno e corrupção e que trabalhou seu caminho até a alta sociedade … mas o suficiente para chegar à Imprensa Estrangeira de Hollywood”.

“Eu quero lhe fazer uma pergunta. E seja honesto. Você está usando drogas? Estou brincando, não é essa a questão. E todos nós sabemos a resposta. Você viu ainda ‘O Turista’?”

Mais frases do evento no Guardian.

Ainda na categoria “quem se importa com quem ganhou o quê?”, tivemos Tina Fey fazendo o papagaio de pirata no tapete vermelho:

Reprodução

E a picuinha Elton John x Madonna, como relata o Papel Pop:

Deu até pena. Ninguém pagou mais mico que Elton John neste Globo de Ouro 2012. No tapete vermelho, o cantor já chegou esculachando Madonna ao dizer que a cantora não ganhava o prêmio de Melhor Canção “nem fud****”.

Elton John concorria nesta categoria junto com Madonna e disse que Mary J Blige era quem ganharia (eu até concordei com ele na hora porque, apesar de ser muito fã da Madonna, a música de MJB era bem melhor, mas Eltinho não precisava ser tão indelicado, certo?).

Resultado: Madonna ganha o prêmio de Melhor Canção e a câmera dá um close na cara de bunda do Elton John na plateia (como podemos ver neste gif!).

Reprodução

Tem mais… Fica melhor…

Minutos depois, o apresentador/comediante Ricky Gervais (como mostra o vídeo abaixo) chega para apresentar Madonna e diz: “Nossa próxima convidada é a rainha do pop. Não, não é você, Elton John. Pode ficar sentado. Essa aqui é toda mulher!”.

Resultado: mais cara de bunda do Elton John na plateia. Olha, o tio Eltinho podia ter ficado em casa. Ou ter tido um sono mais tranquilo hoje se tivesse aprendido a pensar antes de falar. É o pior defeito dele. Até Madonna já aprendeu isso a ferro e fogo desde os anos 80.

Ah sim, a lista dos vencedores. Olhando por alto, digo que Woody Allen ganhar por “Meia-Noite em Paris” é sacanagem, mas Jessica Lange no “American Horror Story” mereceu.

Série Dramática
Homeland

Série Cômica
Modern Family

Minissérie ou Telefilme
Downton Abbey

Atriz de Série Dramática
Claire Danes por Homeland

Ator de Série Dramática
Kelsey Grammer por Boss

Atriz em Comédia
Laura Dern por Enlightened

Ator de Série Cômica
Matt LeBlanc por Episodes

Atriz Coadjuvante em Série, Minissérie ou Telefilme
Jessica Lange por American Horror Story

Ator Coadjuvante em Série, Minissérie ou Telefilme
Peter Dinklage por Game of Thrones

Atriz de Minissérie ou Telefilme
Kate Winslet por Mildred Pierce

Ator de Minissérie ou Telefilme
Idris Elba por Luther

Filme Comédia ou Musical
The Artist

Filme Drama
Os Descendentes

Filme Estrangeiro
A Separation/A Separação (Irã)

Filme de Animação
The Adventures of Tintin/ As Aventuras de Tintin

Atriz de Comédia
Michelle Williams por My Week With Marilyn/Uma Semana com Marilyn

Ator de Comédia
Jean Dujardin por The Artist

Atriz de Drama
Meryl Streep por The Iron Lady

Ator de Drama
George Clooney por Os Descendentes

Atriz Coadjuvante – Drama
Octavia Spencer por The Help/ Histórias Cruzadas

Ator Coadjuvante – Drama
Christopher Plummer por Beginners

Diretor
Martin Scorsese por Hugo

Roteirista
Woody Allen por Midnight in Paris/ Meia-Noite em Paris

Música Original
Ludovic Bource por The Artist

Canção Original
Masterpiece, de Madonna, para W.E.

Written by Márcio Padrão

16 janeiro 2012 at 9:30

Discos novos de Madonna e Alice in Chains à vista

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Reprodução

O NME disse que o próximo disco da loira vai se chamar “MDNA”, o nome dela sem os vocais (gringo adora essa brincadeira). Na entrevista que deu a Graham Norton na TV, ela também se mosntrou tensa com um possível vazamento do disco.

Asked for a release date by Norton, she says: “It’s soon. It depends how quickly people hack in to my server and leak it. Can people wait? It’s terrible.”

O “Hard Candy” é de 2008 e desde então ela não lança álbum de estúdio. Pra mim parece que foi ontem que ela lançou esse daí…

Já o Alice em Correntes já está trabalhando no disco novo. Atualmente quem canta na banda é um tal de William DuVall e recentemente o guitarrista Jerry Cantrell se submeteu a uma cirurgia no ombro. Acima, a faixa-título do último disco da banda, “Black Gives Way To Blue”, que é de 2009 e eu nem sabia que existia. Mas também, ouve aí para sentir o drama.

Written by Márcio Padrão

12 janeiro 2012 at 10:30

Quadrisonices: Smurfs, musa de Bob Dylan, as últimas de Charlie Sheen e mais… incluindo a volta de um tal de Paul

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* Taí mais um trailer do filme dos Smurfs, que vai estrear em agosto desse ano. De fato, é a mesma fórmula de filme bobinho com pessoas de verdade (?) interagindo com bonecos digitais. Eu curti a caracterização old school de Hank Azaria como Gargamel, mas creio que nem ele vai salvar essa bomba [Judão].

* A notícia é velha, mas foi pouco divulgada nesse ínterim de Carnaval e acho que merecia mais espaço. Morreu em 28 de fevereiro, aos 67 anos, a artista Suze Rotolo, que namorou Bob Dylan de 1961 a 1964. A importância da moça na vida do bardo se dá principalmente por três motivos: foi musa dele em músicas como “Don’t Think Twice, It’s All Right”, “Boots of Spanish Leather” e “Tomorrow Is a Long Time”; esquerdista, teve grande influência na construção do engajamento político de Dylan; e é essa garota bonita que aparece na capa de “The Freewheelin”, logo acima [UOL Música]. Se quiser ver como ela estava ultimamente, veja aqui.

* Outro que não acompanhei devidamente foi Charlie Sheen, que andou se separando, brigando com a Warner e com Chuck Lorre por causa de “Two and a Half Men”, tá pegando umas atrizes pornô, entrou e saiu de rehab, começou a twittar e virar trending topic… enfim, o cara tá em alta. E como está se achando, não custa nada pedir uma indenização de 100 milhões de dólares por ter sido despedido da série [iG].

* E já que tá no embalo mesmo, que tal Charlie Sheen fazer um pornozão chamado “Two and a Half Women”? [Virgula].

* Mais uma dele: a polícia invadiu a casa de Sheen em busca de armas de fogo e encontrou só um rifle. Que menino bonzinho [Folha.com]

* Ainda nesse mundo de processos, e Quentin Tarantino, que quer processar seu vizinho, o produtor Alan Ball (de “A Sete Palmos” e “True Blood”) porque os pássaros dele gritam muito alto? Parece filme dos Coen [Vulture]

* A avó de Madonna, Elsie Mae Fortin, morreu nos EUA aos 99 anos. Só faltavam três meses antes de completar 100 anos. Ela foi responsável por grande parte da criação da cantora após ela ter perdido a mãe aos cinco anos, em 1963 [Folha.com]

* Só três palavras: Paul no Rio [iG].

Quadrisonices: vídeos de Se Beber Não Case 2, Thundercats, velhinhos Star Wars, Wii Fit e Lady Gaga

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* Mais atrasado que o “Chinese Democracy”, publico aqui o teaser de “Se Beber Não Case 2”, continuação da surtada comédia de 2009. Agora os caras estão na Tailândia para o casamento de Stu, que aparece com tatuagem de Mike Tyson no vídeo (no primeiro filme, quem casou foi Doug). Verei.

* Trailer do neo-anime dos Thundercats. Olha… gostei até. Curti a ambientação em Thundera, e o layout e a fluência da animação, além de ter passado um ar de seriedade. Não pretendo ficar na ala dos saudosistas que estão resmungando da iniciativa e tentarei ver com o máximo de isenção.

* Tá correndo a web esse vídeo de uns velhinhos franceses se enfrentando com sabres de luz. Segundo o MDM: “A história é o seguinte: dois velhos de uma cidadezinha do interior da França estão discutindo no meio da rua quando ambos pegam duas varetas e começam a dar porrada um no outro. Alguém filmou e o vídeo caiu nas mãos de um nerd desocupado. E aí…” Escorreram lágrimas aqui.

* Aprenda como não usar o Wii Fit no vídeo acima. Pobre cachorro.

* E como achincalhar Lady Gaga está se tornando um esporte nesse blog, o que dizer desse vídeo de “Born This Way”? Historia de aliens feios invadindo a Terra… Bowie. Música da introdução… a trilha do mestre Bernard Herrmann para “Um Corpo Que Cai”. A música inteira… clone de “Express Yourself”. As saliências do corpo esquálido de Gaga… chifrinhos do AC/DC, ou Marilyn Manson na capa de “Mechanical Animals”. Alguma coisa dessa moça é minimamente original? Ah, para ver esse tem que clicar no play e depois no “Assista no YouTube” (maldito Vevo).

Quadros sonoros: modernizar o passado é mesmo uma evolução musical?

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Sim, Chico Science estava certo. Só está sendo bastante mal interpretado. Modernizar o passado é sim uma evolução musical, mas ele provavelmente se referia à proposta chave do movimento manguebeat de misturar sons e inventar estilos. Cada artista é uma esponja de influências que deve desaguar em uma mistura diferente quando é espremida. Isso não é novo, é básico na arte desde as pinturas rupestres, pelo menos. Mas exemplos recentes mostram que essa lição não só não foi absorvida, mas está passando por distorções.

Na semana passada, Lady Gaga lançou seu “novo” single, “Born This Way”, faixa-título de seu próximo disco. A batida forte, a melodia vocal positiva e “girl power”, a letra falando de uma necessária autoafirmação… tudo na música lembrou a todos de “Express Yourself”, clássico absoluto de Madonna lançado há mais de 20 anos. Chegou a um ponto em que o termo “Express Yourself” ficou no trending topics do Twitter no Brasil e no mundo durante todas as horas de hype do lançamento de “Born This Way”. Semelhanças são corriqueiras no pop, mas não recordo de nada semelhante, no sentido de um single de um superstar ser tão facilmente e imediatamente identificado como cópia direta de outro hit antigo.

Também na semana passada, Jorge Ben Jor afirmou em um show que se comoveu com a campanha iniciada por fãs no Facebook para que ele voltasse a tocar ao vivo o clássico disco “A Tábua de Esmeralda”, na íntegra e com seus arranjos originais, calcados no violão e sem a estridência elétrica que deu o tom de suas apresentações nos últimos 20 anos. Completou dizendo que já está ensaiando para o aguardado projeto (vídeo aqui) e provavelmente isso virará realidade em breve.

A princípio, a primeira notícia pode soar como picaretagem, e a segunda, algo louvável. Porque oras, já virou senso comum que Lady Gaga é uma clone assumida de Madonna – acrescentou como marca pessoal menos sexo e mais freakshow, mas ainda assim clone – e que Ben Jor tem mais é que cuidar direito de seu legado musical, visto que ele não cria nada digno de nota há uns 15 anos. Sim, concordo com as duas, principalmente com essa última. No entanto, as coisas hoje estão tão fora de referência que parece que ninguém se lembra do básico: não seria melhor ambos criarem boas músicas originais e pronto?

Poderia ainda citar os bilhões de “homenagens” do Black Eyed Peas, mas por enquanto fiquemos por aqui. Essa não é a primeira nem será a última vez que este blog abordará o assunto da falta de inovação na música. Mas o assunto só rende porque músicos estão fornecendo material. Chico Science falou, e de novo foi mal interpretado: a tendência geral agora é só “deixar tudo soando bem aos ouvidos”.

Written by Márcio Padrão

15 fevereiro 2011 at 15:00

Editorial: Lady Gaga e a ressignificação do videoclipe nos anos 2010

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O pré-clipe surgiu com a combinação de uma invenção da década de 1950 – o rock – com a popularização de uma mídia – a televisão. O primeiro exemplo do potencial explosivo dessa combinação foram as apresentações de Elvis Presley, que era filmado da cintura da cima para que seus movimentos pélvicos não excitassem as jovens de outrora. E desde então, de Elvis a Lady Gaga,  a espetacularização da imagem em diversos aspectos – sexo, beleza, morte, violência – aliada à evolução da música pop fizeram dos videoclipes pequenas janelas do espírito das épocas.

É por conta disso que a premiação anual da MTV, o Video Music Awards, vulgo VMA, diz muito mais sobre o que é considerado música e atitude do que o há anos desprestigiado Grammy. No entanto, mesmo essa importância do VMA diminuiu por diversas razões, como o duelo qualidade x popularidade pendendo sempre para o segundo, a crise de anos da indústria fonográfica e a concorrência que a MTV enfrenta contra outras mídias e interesses perante o seu público-alvo, os adolescentes. Isso me pensar na história do videoclipe e como chegamos a esse ponto.

Nos anos 60, o quarteto mais querido do rock criou o videoclipe propriamente dito com “Paperback Writer/Rain”. Algo tão revolucionário nasceu do mero cansaço dos Beatles. Eles já estavam na fase low profile, encerrando a maratona absurda de turnês para não morrerem de taquicardia aos 25 anos. Como as composições e produção de discos seriam a nova prioridade, foram no embalo de também abdicar das apresentações nos programas musicais. Criariam um “promo video” e o distribuiriam para todas as TVs para não magoar ninguém.

Se os Beatles criaram o clipe nos 60’s, o Queen mostraria algumas das reais possibilidades estéticas daquilo com “Bohemian Rhapsody” em meados dos 70’s. Nos anos 80, Michael Jackson (“Thriller”) e Madonna (“Like a Prayer”) enxergaram no surgimento da MTV matriz um grande “boost” para suas carreiras e cravaram a pedra: a partir deles, todo artista de massas teria sua imagem completamente indissociável de um, ou mais de um, videoclipe minimamente pretensioso e que traduzisse em imagens tudo que está ligado ao artista – não só sua mensagem musical, mas sua atitude, corpo, vestimentas e biografia.

Os anos 90 foram de transição para o pop e com o clipe não foi diferente. Por um lado, o ícone da década foi um clipe que voltava às raízes banda-tocando-ao-vivo: “Smells Like Teen Spirit” do Nirvana. Mas em paralelo ao mainstream, o formato ganhou ainda mais experimentações estéticas, como na obra-prima-pastiche “Sabotage”, dos Beastie Boys, e “Human Behaviour”, de Björk.

E nos anos 2000, pouco mudou artisticamente nos clipes em relação à década anterior; o pop mainstream seguiu na cartilha de Michael e Madonna, enquanto o alternativo seguiu experimentando graças à maior difusão de programas de edição e de efeitos especiais. A grande reviravolta veio na verdade do veículo. A MTV começa a entregar os pontos para a internet, em particular ao YouTube,  e entrega quase toda a sua programação a reality shows e comédias – tendência que outras filiais, incluindo a brasileira, acompanha cada uma a seu modo.

O que significa a vitória absoluta de “Bad Romance”, videoclipe símbolo de Lady Gaga no domingo retrasado? Creio que ao lado de sua produção “irmã” – “Single Ladies”, de Beyoncé, a campeã de 2009 – ela tenta ser um recado da emissora para os fãs de videoclipes: sim, nós ainda gostamos da música pop, apesar de tudo. Ambos os vídeos foram muito mais assistidos no citado YouTube do que na MTV, o que explica claramente a estratégia de Gaga em fazer clipes pensando em virais, apesar da mesma ter feito a populista e dizer na premiação que devia seu sucesso à MTV.

Por outro lado, foram para mim emblemáticas duas cenas da premiação de 2010. O primeiro foi as palavras irônicas da apresentadora Chelsea Handler para com o elenco do reality “Jersey Shore”: “não, artistas, não os aplaudam, pois eles são a razão da MTV não exibir mais seus vídeos”. O outro foi uma fileira “quem é quem do pop” formada por Katy Perry, Rihanna e Ke$ha aplaudindo em uníssono a musa da velha guarda Cher, mas meio chateadas pela vitória de Lady Gaga, que com seu jeitão freak-poser não pretende “se misturar” com a vibe “vida real” de suas contemporâneas. É como se houvesse uma vontade de criar união entre a atual geração, mas fica difícil quando a capitã se isola na cabine do navio. Tudo sendo presenciado por um ícone do passado que, do alto de seu salto-plataforma, parece pensar: essas moças ainda precisam suar muito o decote para gravarem seus nomes na história.

E agora? “Single Ladies” e “Bad Romance” fecharam mais um ciclo. Temos uma nova década pela frente e a MTV sinaliza que quer sair da arapuca em que se envolveu. Quer novamente associar sua imagem a clipes poderosos, pois o formato definitivamente não morreu. Só está fazendo o que sempre fez: adaptando-se ao espírito da época enquanto divulga canções como se fossem alimentos fast-food. Já a ex-emissora musical número um do planeta precisa ainda descobrir como derrotar o “inimigo” YouTube, ou juntar-se a ele de forma lucrativa. Só espero que os fãs de videoclipes saiam ganhando dessa guerra.

* Eu queria ter incluído uma análise do resultado do VMB passado perante o atual momento dos clipes, mas creio que sejam situações diferentes demais entre si. Tanto na gringa quanto na brasileira, a popularidade dos músicos recém-revelados é fundamental para decidir os vencedores, mas no Brasil há a perda do elemento visual. Muitos dos clipes vencedores do VMB desde sempre são produções esteticamente muito modestas e despretensiosas. Os dois clipes do Restart são o feijão-com-arroz da banda tocando. Enquanto nos EUA premia-se a celebridade que conseguiu se traduzir em vídeo, aqui premia-se mais a celebridade que por acaso apareceu em vídeo. Mas o que ainda há em comum entre a matriz e a filial é o constrangimento